Em um país com defasagens históricas na educação, todo brasileiro conhece algum jovem ou adulto que não concluiu sequer a educação básica. Segundo dados do Governo Federal, 87 milhões de cidadãos e cidadãs se encontram nesta situação. São pessoas com mais de 15 anos que não encerraram sua passagem pela escola – 65 milhões no ensino fundamental e outros 22 milhões que ainda não conseguiram finalizar o ensino médio.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) garante o acesso a cursos gratuitos que ofereçam “oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho” a todos aqueles que não concluíram seus estudos na idade regular. É para atender a essa clientela que foi criada a modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), que oferece a conclusão do ensino fundamental em quatro anos, para quem tem 15 anos ou mais, e do ensino médio em um ano e meio, para quem já completou 18 anos. Aqui em Pernambuco, são mais de 81 mil alunos matriculados em 627 escolas.
O perfil mais comum do estudantes da EJA em Pernambuco é daquele que passou um tempo afastado da escola, normalmente por conta do trabalho. Quando o aluno retorna para a escola regular, geralmente se sente deslocado e não consegue acompanhar a turma regular. O caminho mais natural é a EJA, que possui um ritmo diferenciado, que se adequa mais à menor disponibilidade de tempo de quem trabalha e tem família para cuidar. Afora isso, é cada vez mais premente a necessidade de conclusão do ensino médio para aqueles que se encontram ou buscam um espaço no mercado de trabalho.
Por conta disso, a Educação de Jovens e Adultos possui especificidades próprias e não conta com uma proposta curricular idêntica a do ensino médio. Contudo, as expectativas são as mesmas, buscam garantir que aquilo que é discutido em turmas da EJA seja o mesmo do ensino regular. “O aluno do EJA já vem rico de alguma bagagem. Ele já passou pela escola. Toda vez que a gente aborda algum ponto do currículo, qualquer assunto que seja, é diferente quando você pega um aluno que nunca viu ou ouviu falar do tema e outro que frequentou, passou um tempo afastado, e no dia a dia ele acumulou outros conhecimentos que, de alguma forma, se relacionam ao assunto. Tudo isso a gente tem que levar em consideração. O assunto é o mesmo, mas, a abordagem é diferente”, reforça Verônica Luzia, professora técnica pedagoga da Gerência de Políticas Educacionais de Jovens, Adultos e Idosos da Secretaria de Educação de Pernambuco.
O objetivo principal da EJA difere dos programas de correção de fluxo, como o Travessia, que priorizam acelerar o processo de aprendizado e conclusão. “O motivo da EJA ter uma quantidade menor de anos do que o ensino regular não está na aceleração e sim na concepção de que se trata de um estudante que frequentou a escola antes, e que tem conhecimentos na sua própria vivência. Então o tempo dele é outro. É uma outra perspectiva, bem diferente”, explica Thiago Reis, que também é professor técnico pedagógico da SEE.
FolhaPE
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