Bebês dividem o mesmo leito em hospital público infantil no Recife

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A imagem de corredores cheios de macas, comum nas principais emergências adultas do Estado, invadiu a pediatria. O Hospital Helena Moura, na Tamarineira, Zona Norte do Recife, referência da rede pública do Recife no atendimento infantil, sofre com a superlotação. Uma cena enviada para a TV Globo mostra dois bebês internados em um só leito, o que é proibido, por causa do risco de infecção.

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A Resolução de Diretoria Colegiada Nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), prevê uma distância mínima de um metro entre leitos de enfermaria pediátrica – e, consequentemente, entre pacientes. O leito compartilhado é um reflexo da quantidade de pacientes. A enfermaria, com capacidade para 28 crianças, estava com 43 pacientes, na manhã de segunda-feira (23). Além disso, há berços e camas no meio da passagem e doentes internados em cadeiras.

A raiz dos problemas é uma reforma que deveria ter sido concluída em agosto de 2014, mas ainda se arrasta. A obra, orçada inicialmente em R$ 915 mil, limita o espaço físico do hospital. E obriga pacientes a receber atendimento nos corredores, em meio a tapumes e placas.

A reportagem esteve no Hospital Helena Moura e atestou a superlotação. São crianças internadas nos corredores, em leitos ou mesmo em cadeiras. Em um dos setores, pacientes de enfermaria se misturam aos de emergência.

“Não tem vaga. Passei o dia todinho lá fora, porque não tinha leito aqui dentro. Está tudo ocupado, lotado. O governo não tem dinheiro para gastar com saúde, mas com Carnaval e São João eles têm”, esbravejou a mãe de um paciente.

Obras
A Secretaria de Saúde do Recife informou que o cronograma de obras do Hospital Pediátrico Helena Moura  foi retomado com investimento de R$ 1,6 milhão. A previsão de entrega é para agosto deste ano.

O Hospital Pediátrico Helena Moura atende normalmente cerca de 3.500 pacientes por mês. Em períodos de doenças sazonais, o número subiu para 5.298 atendimentos e 400 internamentos. A superlotação se dá pelo período climático e a ocorrência das arboviroses Já o fornecimento de medicamentos será normalizado nos próximos dias.

Dramas
A dona de casa Laís Tairê tentou internar o filho de nove meses, mas não conseguiu vaga. O menino fez dez nebulizações em quatro dias. “Está horrível aqui. Tiveram que tirar a sala de coleta de exames para fazer de enfermaria. Tem criança internada em cadeira, muito ruim. Meu filho está muito cansado, mas não quiseram internar ele porque o hospital está superlotado”, conta.

Além disso, faltam medicamentos como o antibiótico ampicilina, muito usado em recém-nascidos no tratamento de infecções, e o antiparasitário mebendazol, receitado para problemas gastrointestinais.

O Hospital Helena Moura também está sem seringa de 20 ml e tem estoque reduzido de álcool líquido. As denúncias foram confirmadas em telefonema gravado para a farmácia da unidade de saúde. Na guarita, não havia porteiro e o teto apresenta infiltrações.

As últimas vistorias do Conselho Regional de Medicina (Cremepe) na unidade de saúde foram em 25 de setembro do ano passado (fiscalização geral) e em 23 de março deste ano (emergência). Os relatórios afirmam que “a maior queixa da equipe é em relação à superlotação”. No que diz respeito à escala médica, o documento pontua que “todos os plantões estavam desfalcados” e com “a escala incompleta”.

FONTE: G1

FOTOS:Globo

 

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