Uma jovem advogada de 26 anos foi advertida no Fórum de Uberlândia/MG, no último dia 11, pela forma como estava vestida. Pelo uso de decote, o segurança informou que, a partir do dia seguinte, ela não poderia mais entrar no local com aquela vestimenta.
O relato foi publicado no Facebook. Natália Martins Nunes conta que foi abordada por um segurança e outro funcionário logo na entrada do prédio, logo após passar pelo detector de metais. A justificativa para a abordagem era de que a proibição quanto à roupa se tratava de ordens superiores.
“Hoje, eu, Natália, advogada, fui constrangida em um local público, durante o exercício da minha profissão, simplesmente por ser mulher. Simplesmente porque o machismo é tão grande que homens se julgam no direito de todos os dias escolher como nós vamos nos vestir, comportar e viver […], pois eu digo que, para um advogado ser digno, é preciso ter respeito, compromisso e responsabilidade. Ser digno não tem absolutamente nenhuma relação com estar com os braços descobertos. O nome disso é retrocesso.”
A uberlandense, formada pela Faculdade de Direito da UFU, advoga há quatro anos e disse que foi a primeira vez que sofreu um constrangimento dessa natureza.
“Na hora eu não consegui entender, só ficava indignada. Foi então que resolvi fazer o post e descobri outras meninas que passaram pela mesma situação no mesmo dia que eu. Uma das profissionais estava usando aquelas blusas de gola rolê [gola alta], estava apenas com os braços à mostra.”
Devido à repercussão do caso, a advogada foi chamada pelo diretor do foro, juiz Lourenço Migliorini, e relatou que, durante o encontro, o magistrado pediu desculpas pelo ocorrido e emitiu ordem oficial por escrito para que nenhuma pessoa tivesse a entrada restrita por seguranças ou qualquer servidor do fórum devido ao vestuário.
A postagem foi atualizada pela própria advogada após a reunião informando os devidos esclarecimentos e desfecho do caso.
A Comissão da Mulher Advogada da subseção de Uberlândia, representada por sua presidente, Hélia Maria Pereira de Azevedo, informou que se tratou de um ato isolado. “Nunca tivemos nenhum caso de discriminação contra a mulher no âmbito da comarca.” Ela salientou que o diretor do foro jamais proibiria o acesso de uma advogada ao prédio devido à vestimenta, e pode ser que tenha havido uma confusão por parte da segurança.
Fonte: Migalhas
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