Das terras onde Terezinha de Jesus Arcanjo construiu a vida na roça, em Paracatu de Cima, Mariana, se vê o Gualaxo do Norte traçar seu caminho pelas curvas dos vales estreitos dessa parte de Minas Gerais. Mas no anoitecer de 5 de novembro de 2015, em vez do rio, dona Terezinha viu chegar uma tsunami de lama e minério. O rejeito de ferro da Samarco engoliu as
propriedades de sete dos seus 12 filhos. A onda subiu o morro e destruiu o moinho que o marido dela construíra há 60 anos.
O mundo de dona Terezinha acabava ali, naquele momento. Em instantes, se foram a paisagem e as conquistas de uma vida inteira. Do alto do mesmo morro, ela esperava que a lama também se fosse. Mas a lama ficou. Permaneceu no leito do Gualaxo e nos campos junto às margens, onde foi coberta por uma manta de solo “emprestado” e mato.
O TRISTE FIM DE DONA TEREZINHA
Dona Terezinha esperava ainda que os filhos fossem indenizados e pudessem começar de novo. Três deles perderam tudo. Foram morar em casas piores, alguns adoeceram. Em novembro de 2016, um ano após o pior desastre ambiental da história do Brasil, ela continuava a aguardar. Via a lama e o desalento dos filhos, com as terras onde moravam e trabalhavam destruídas.
Até que um dia, Dona Terezinha não pode mais esperar. Aos 87 anos, morreu. Se foi em 4 de agosto passado, um ano e nove meses depois do desastre do rompimento da Barragem de Fundão. Foi velada na mesma casa em que aguardava as indenizações que até hoje não chegaram.
Fonte: O Globo.
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