Raquel Lyra lembrou o fato de que a concessão pública do Metrô do Recife foi estudada no governo passado, inclusive com a participação do governo de Pernambuco, na época sob o comando do PSB
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), deixou claro, durante debate de avaliação de um ano de gestão na Rádio Jornal, nesta quarta-feira (6/12), que irá estadualizar o Metrô do Recife e, em seguida, conceder o sistema à iniciativa privada. Ou seja, a gestão seria do Estado, mas a operação passaria a ser de uma concessionária, como acontece em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, por exemplo.
Raquel Lyra foi questionada sobre o futuro do sistema metroferroviário metropolitano, cuja solução foi promessa de campanha ao governo do Estado e que, até agora, segue definhando.
O Metrô do Recife segue tendo quebras quase semanais e sofrendo com a falta de manutenção, principalmente dos trens. O resultado são intervalos que podem chegar a 20 minutos e composições superlotadas nos horários de pico.
“A minha colocação é que a gente precisa de recursos para recuperar o Metrô do Recife e é agora. Antes mesmo de pensar se ele vai ficar com o Estado ou com o governo federal. Mas, se o governo federal não tem esses recursos, que a gente possa ir buscar na iniciativa privada, através de um modelo de concessão pública, uma PPP, por exemplo. Essa é uma das possibilidades: ir em busca do recurso privado”, afirmou a governadora.
ESTUDO PARA CONCESSÃO DO METRÔ REFEITO
Raquel Lyra lembrou o fato de que a concessão pública do Metrô do Recife foi estudada no governo passado, inclusive com a participação do governo de Pernambuco, na época sob o comando do PSB. O estudo chegou a ficar pronto, mas foi engavetado pelo então governador Paulo Câmara para atender ao apelo dos metroviários às vésperas das Eleições 2022.
“A concessão é uma das possibilidades, sim, para o metrô. E é importante destacar que a concessão do sistema foi estudada pelo governo passado. Estudo que está sendo refeito atualmente para que a decisão seja tomada com bases muito sólidas. Eu tenho conversado continuadamente com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e tido reuniões semanais também com o governo federal para tratar do assunto”, afirmou.
O reestudo de uma possível concessão pública do Metrô do Recife, inclusive, foi incluído no Novo PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) do governo federal, com um valor de R$ 4 milhões dentro do subeixo de mobilidade urbana sustentável.
A governadora aproveitou para criticar a falta de expansão do metrô na Região Metropolitana do Recife, citando a deficiência como uma das piores consequências da falta de investimento no sistema.
“O Metrô do Recife é fundamental para o transporte de massa da RMR, ainda mais para o Recife, que tem o pior trânsito do mundo. A população da área norte, por exemplo, não tem o direito de andar de metrô. Temos pessoas que moram em Igarassu, mas trabalham em Jaboatão dos Guararapes, ou que saem da área Norte para Suape, mas não têm metrô para usar. É isso que queremos mudar”, afirmou.
E seguiu fazendo críticas ao abandono do sistema metroferroviário. “O metrô está sem trens. Eles mais quebram do que funcionam. Não têm previsibilidade. Virou um caos. Antes da pandemia, transportava 400 mil pessoas, hoje em dia caiu para 70 mil”, disse.
GOVERNO DE PERNAMBUCO APRESENTOU PROJETO PARA O METRÔ DO RECIFE NO PAC SELEÇÕES
Além das declarações da governadora durante o debate da Rádio Jornal, um gesto recente do governo de Pernambuco reforça a intenção de conceder o Metrô do Recife à iniciativa privada. Entre os projetos que o governo de Pernambuco cadastrou no PAC Seleções do governo federal e que totalizam quase R$ 1 bilhão em recursos, está uma ajuda ao sistema.
URGÊNCIA DEVIDO À SITUAÇÃO DE CRISE DO METRÔ DO RECIFE
No cadastro, o governo de Pernambuco alegou que o investimento se fazia necessário em razão do alto comprometimento nos trechos compreendidos entre as Estações Recife e Cajueiro Seco (Linha Sul elétrica) e entre as Estações Rodoviária e Camaragibe (Linha Centro elétrica, numa extensão de 35.084 metros, situadas nos municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe.
“Em alguns casos, os dormentes já se encontram em um estágio muito avançado de deterioração, tornando-os inadequados para suportar o tráfego. A não substituição antecipada desses dormentes pode resultar na paralisação do tráfego ou na ocorrência de acidentes, em função do avanço deste processo”, explica a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco (Semobi), que assinou o cadastro.
“A CBTU tem adotado medidas de manutenção e redução da velocidade de tráfego para minimizar o risco de acidentes (sinistros de trânsito), porém, a falta de dados e conhecimentos técnicos específicos referentes à degradação impede a definição precisa da data de colapso do sistema do Metrô do Recife. As inspeções realizadas evidenciam o rápido avanço da degradação”, alegou.
E seguiu destacando a crise de infraestrutura do sistema metroviário: “Além do desafio relacionado aos dormentes, o Metrô do Recife enfrenta a necessidade urgente de substituição de 36 km de trilhos antes que alcancem o limite máximo de desgaste permitido pelas normas. Antecipar o processo de aquisição dos trilhos é fundamental para evitar a paralisação prolongada do sistema”.
O PAC Seleções prevê R$ 136 bilhões em novas obras em todo o Brasil. São R$ 65,2 bilhões para a primeira etapa – que teve as inscrições encerradas neste domingo (12/11) -, e R$ 70,8 bilhões para a segunda, com previsão de lançamento para 2025. O governo de Pernambuco apresentou quatro propostas no eixo mobilidade urbana sustentável grandes e médias cidades. Todas focadas no transporte público coletivo.
Fonte: JC PE
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