Hospital está sobrecarregado com mais de 500 pacientes
Nesta terça-feira (14), as Nações Unidas anunciaram que todos os hospitais no norte da Faixa de Gaza, à exceção de um, deixaram de funcionar por falta de equipamentos e medicamentos básicos e pelos constantes ataques de Israel na área. No relatório divulgado hoje, o Gabinete para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) enfatiza que, em caso algum, este tipo de instalações sanitárias, como hospitais, centros de saúde e clínicas, podem ser objetivo de ações militares.
O OCHA indica que apenas está funcionando ainda o hospital al-Ahli, na cidade de
Gaza, onde se encontram mais de 500 pacientes. As demais unidades de saúde foram obrigadas a suspender as suas atividades devido à falta de combustível, eletricidade, medicamentos, alimentos, água e oxigênio, entre outros insumos.
Um dos focos de tensão dos últimos dias tem sido o hospital al-Shifa, o maior do
enclave, onde permanecem pelo menos 600 pacientes, entre 200 e 500 trabalhadores e 1.500 pessoas deslocadas. A equipe do hospital também denunciou o bloqueio militar e a morte de doentes nos últimos dias por falta de eletricidade, sendo mais de 30, incluindo sete bebês prematuros.
Pelo menos 179 cadáveres tiveram que ser enterrados numa vala comum escavada no complexo hospitalar de Al-Shifa, segundo Mohammed Abou Salmiya, diretor da unidade de saúde. “Fomos obrigados a enterrá-los numa vala comum por uma questão de saúde pública”, disse Salmiya a agencia de notícias AFP.
Por sua vez, as autoridades israelitas acusam o Hamas de se esconder nos hospitais e de utilizar civis como escudos humanos. Mas, os próprios profissionais de saúde desmentem esta versão. Médicos, enfermeiros e doentes permanecem há dias encurralados no edifício do hospital, perante os combates intensos entre os dois lados que ali se têm travado.
O direito internacional prevê uma proteção específica para estas instalações e para o
pessoal que nelas trabalha, tendo a ONU instado todas as partes a garantir o respeito por estas normas mínimas.
A ONU alertou os riscos para a saúde que podem resultar da falta de água e da acumulação de resíduos, uma vez que Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) avisou que teria de deixar de recolher cerca de 400 toneladas de lixo nos campos e abrigos para pessoas deslocadas devido à falta de combustível. Sem combustível, as estações de tratamento de águas residuais e as centrais de dessalinização também não funcionam.
Já foram registrados, inclusive, consumo de água do mar pela população. As Nações Unidas temem que disparem os casos de contaminação da água e o aumento de surtos de doenças.
A ONG Human Rights Watch (HRW) apelou também que haja uma investigação aos ataques israelitas contra instalações de saúde, pessoal médico e transportes por poderem constituir crimes de guerra. “Os ataques estão destruindo ainda mais o sistema de saúde de Gaza”, disse a organização de defesa dos direitos humanos.
A HRW pediu ao Governo israelita para que cesse os ataques aos hospitais e defendeu uma investigação por parte do Tribunal Penal Internacional e da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre os territórios palestinos ocupados.
Fonte: Diário de Pernambuco
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