Em vistoria realizada na Barragem de Serro Azul, na terça-feira (12.02), pelo Conselho de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), os profissionais convidados para a ação, com base no que foi visto, fizeram as seguintes considerações na nota de esclarecimento abaixo.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A barragem de Concreto Compactado a Rolo (CCR) inspecionada não apresenta nenhum sintoma de deslocamentos relativos entre partes da estrutura, esmagamento e esborcinamento dos concretos entre as juntas e fissuras existentes, que indique problemas estruturais, que possam levar a um colapso.
O que se pode observar são fissuras na superfície das paredes da galeria inspecionada, com distribuição regularmente espaçadas e com sentido predominantemente vertical. As fissuras foram induzidas durante a fase de execução, tendo como causas o efeito térmico, devido ao acúmulo de calor e à hidratação do cimento e/ou o efeito de retração por secagem.
Essas pequenas aberturas são muito comuns em qualquer estrutura de concreto de grande porte, devido à elevada restrição à movimentação da estrutura e à pequena capacidade do concreto de absorver esforços de tração. Essas falhas não podem ser correlacionadas com sintomas de ordem estrutural.
Infelizmente em obras hidráulicas, essas fissuras podem permitir a percolação de água, sendo muito comum essa situação em barragens de concreto em Pernambuco, no Brasil e no Mundo.
Nesse tipo de obra, a água percolada já prevista em projeto é convenientemente drenada e a galeria, que a equipe do CREA-PE visitou no interior da barragem, faz parte desse sistema.
Essa percolação de água por essas fissuras induzidas por efeito térmico e/ou retração, por secagem, tendem a reduzir com o tempo, o que acontece na barragem de Serro Azul. Isso ocorre porque a abertura dessas fissuras não evolui e existe o efeito de auto cicatrização do concreto. Caso as fissuras fossem de ordem estrutural as mesmas iriam evoluir, levando não à redução da passagem de água pelas fissuras e sim ao seu aumento.
Para que uma barragem desse tipo venha colapsar, muitos sintomas devem surgir antes de ser classificada como insegura e nenhum desses sintomas foi evidenciado na vistoria realizada.
Por outro lado, uma barragem desse porte deve ser constantemente monitorada através de instrumentos específicos, para que se detecte algum problema de movimentação, antes mesmo que sintomas visíveis venham a surgir e que ações sejam tomadas para que o problema não evolua.
Apesar da equipe não ter avaliado a qualidade do monitoramento já existente, o mesmo foi observado na inspeção realizada, sendo uma ação de controle de suma importância para a segurança da estrutura.
A água da barragem apresenta sinais de eutrofização, um odor muito forte, característico de uma quantidade excessiva de matéria orgânica.
Vale ressaltar que a comunidade que reside em área que sofre qualquer tipo de impacto deve ser capacitada e treinada para qualquer situação de emergência, evitando pânico. Nesse sentido é importante, à população, informação quanto ao nível da vazão da água da barragem. Moradores cientes dos procedimentos adotados na barragem e da sua finalidade, sentem-se mais seguros.
Não foi verificada a existência de sirenes de alerta, rota de fuga da população em situação de risco, monitoramento e projeto de recuperação das áreas degradadas.
Diante do exposto na Nota Técnica, o CREA-PE esclarece a população que diferentemente do que está sendo veiculado nas mídias, a barragem de Serro Azul não apresenta risco de colapso. No entanto, com referência a alguns itens citados, o Conselho oficiará o Governo do Estado, legalmente responsável pelo equipamento, solicitando informações quanto ao nível de monitoramento e adequações de itens de segurança, no sentido de gerar tranquilidade para a população da região.
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